segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Evite práticas racistas no carnaval

Embora estejamos no século 21, em pleno 2020, todo ano é preciso tocar no assunto racismo no carnaval. O assunto sempre gera muita polêmica pelo fato de algumas pessoas o normalizar através de fantasia e expressões. Ser negro já foi considerado biologicamente inferior, tal afirmação fruto de tamanho preconceito.

Embora a escravidão não exista mais, ela é bastante recente em nosso país. Este ano completaremos apenas 132 anos de abolição da escravatura. Se você pensar bem, os seus bisavôs ou bisavós viveram esse período que marcou de forma tão profunda a nossa história.  O fim da escravidão não impediu que a sociedade visse os negros e também os indígenas como inferiores em nossa sociedade.

“Blackface” – Foto: reprodução da internet
Ainda somos uma comunidade vista como subalterna, tais consequências devido ao racismo que, infelizmente, ainda temos que enfrentar. É preciso desconstruir os pensamentos arcaicos que passaram de geração para geração. Por isso, aqui estão algumas dicas para quem vai brincar os dias carnaval evitar práticas preconceituosas e racistas.

1 – Ser negro não significa que você sabe sambar
Evite pedir para uma pessoa negra sambar. Sambar não é algo genético. Os negros não nasceram “com o samba no pé” e caso saibam sambar, não diga que “esse daí não nega a cor”.

2 – Mulheres negras não parecem a Globeleza
As mulheres negras não são iguais. Há diversidade em cabelos, tons de pele, corpos etc. Resumir uma mulher negra a uma única figura só fortalece o estereótipo de que negros são iguais, sendo esta uma das faces do racismo.

3 – Não resuma homens negros ao pênis
Criou-se uma cultura de hipersexualizar o corpo negro masculino. Na maioria dos casos existe a ideia de que a sua genital é desenvolvida e tal prática ocasiona um fetiche que não deveria existir. Buscá-los para sexo pelo fato de ser carnaval é uma prática racista.

4 – Ser negro não é fantasia
“Blackface”, Nega maluca, Negão do WhatsApp, perucas de black power não são fantasias. Representações étnicas de grupos considerados de minoria não é algo engraçado. Fenótipos não são motivos de riso. O mesmo vale para quem se fantasia de indígena.

 5 – Atente-se a gestos e expressões
Fazer gestos como se estivesse batucando um instrumento de percussão com o intuito de fazer pessoas negras dançarem, chamar mulheres negras de “morena” ou falar que possuem “a cor do pecado” são atitudes racistas e machistas.

6 – Marchinhas racistas
Algumas marchinhas de cunho racista como “Olha a cabeleira do Zezé/Será que ele é” ou “O teu cabelo não nega mulata/Porque és mulata na cor/Mas como a cor não pega mulata/Mulata quero seu amor” deturpam a imagem do negro reforçando estereótipos negativos ou expressam a ideia de que a cor negra é contagiosa. É possível manter as tradições das marchinhas sem precisar levantar a bandeira do racismo. E lembre-se: nunca é só uma brincadeira!


Para denunciar:

- Anotar local, dia e horário em que ocorreu o fato;
- Anotar endereço e telefone de pessoas que são testemunhas;
- Mapeie se no local onde ocorreu o fato existem câmeras que possam ter o registro da agressão;
- Quanto a crimes de ódio na internet, print ou tire foto da página do agressor para ter imagens como provas;
Se tiver registro da agressão em audiovisual, também apresente como prova.
Procure uma delegacia da polícia. Alguns locais possuem a DECRADI – Delegacias de Crimes Raciais e Intolerância, onde o atendimento é especializado. O Disque 100 também registra denúncias.

Quando o crime ocorre na internet, a denúncia pode ser feita através do site da Polícia Federal ou pelo e-mail denuncia.ddh@dpf.gov.br.


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