Para se sustentar e suprir um pouco as dificuldades da sua vida, Chico precisou trabalhar ainda muito cedo como garoto de recados do veleiro Tubarão. Aos 20 anos, aprende a ler e depois se torna chefe dos catraieiros (condutores de bate). Em 1859, trabalhou nas obras do Porto de Fortaleza, é marinheiro e nomeado prático da Capitania dos Portos, o que o leva a conviver com as barbaridades do tráfico dos navios negreiros e a se envolver na luta pelo abolicionismo.
Por volta de 1877 e 1879, a seca matou muita gente no estado do Ceará e deixou muitos escravagistas sem condições de manter suas senzalas, levando-os a venderem seus escravos para fazendeiros do sul e sudeste, pois lá a demanda de mão-de-obra para cultivo de café era grande. Mas calma aí! Como iriam transportar os escravos? Claro que pelo Porto de Fortaleza. E é aí que as sociedades civis engajadas na luta abolicionista entram. Uma delas era a Sociedade Cearense Libertadora, que tinha João Cordeiro como seu presidente. João conheceu Chico da Matilde na campanha de apoio às vítimas da seca.
Chico da Matilde fez parte da Sociedade como diretor e tinham como slogan “no Ceará não se embarcam escravos”. Em uma das reuniões, surgiu a ideia de greve dos jangadeiros, sendo assim não haveria comércio. E foi o que aconteceu! A primeira greve obteve sucesso e, nas demais, Chico assumiu a liderança dos jangadeiros. Chico até sofreu ameaças, mas a sua bravura salvou muitos cativos de uma vida miserável, não dando alternativa para os escravagistas que acabaram concordando em libertá-los.
Em 1884, o Ceará tornou-se o primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão, isso quatro anos antes dos outros. Chico da Matilde, o Dragão do Mar, foi um dos maiores heróis da abolição e seu nome é celebrado como resistência popular cearense contra a escravidão.
• Documentário sobre o Dragão do Mar produzido pela Tv Assembleia do Ceará
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