sexta-feira, 7 de junho de 2019

Reggae – Patrimônio Imaterial da Unesco

Com influências da música africana, caribenha e do blues norte-americano, o Reggae tornou-se, finalmente, Patrimônio Imaterial da Unesco. A organização considera o ritmo como um gênero musical criado em um espaço cultural de grupos marginalizados de Kingston, Jamaica e essencial para debates que envolvem questões de injustiça, resistência, amor e humanidade.
O reggae ficou imortalizado através de Bob Marley na década de 1960, mas sua ascensão veio com o grupo The Wailers, formado em 1963 pelo próprio Bob, Peter Tosh e Bunny Wailer. O grupo ficou conhecido por abraçar o que chamamos de três estágios de evolução do gênero. Suas músicas apresentavam hits do ska, como Simmer Down, uma pegada rocksteady, até chegar ao reggae. O ritmo também contou com grandes nomes como Alpha Blondy, Jimmy Cliff, Judy Mowatt, entre outros. Bota fé?

The Wailers

Bob espalhava mensagens de paz, orgulho negro e propunha levante social contra os sistemas de opressão. O reggae se assemelha muito com o rap. Suas críticas sociais trazem pesos sobre a desigualdade, fome, racismo e outros problemas sociais, além de inspirar o desenvolvimento pensante. Outro fator marcante no reggae é a sua estética. Sempre presente nas cores vermelho, amarelo e verde e nos dreadlocks, símbolo de resistência que vai muito além do estilo, pois está ligado à África e luta da comunidade negra pela afirmação da sua cultura.
Os dreadlocks foram adotados pelo Movimento Rastafári, expressão religiosa nascida na África na década de 30 do século XX. Seus seguidores adoram o primeiro imperador negro a governar um país africano, o Haile Selassie. Seu reinado foi entre 1930 e 1974, na Etiópia. Ele é considerado a manifestação de Yahshya (Jesus), o que o torna uma reencarnação de Jah (Jeovah ou Deus). O dread chegou às Américas pela Jamaica e com o fim da escravidão, por volta de 1834, ele ficou popular entre os ex-escravos como uma forma de afirmar a sua cultura diante da sociedade.

Haile Selassie

No Brasil, o reggae é bastante popular nos estados do Maranhão e Bahia, sendo o primeiro considerado a Jamaica Brasileira. Na Bahia, as referências do reggae vem do cantor Edson Gomes, conhecido pelas músicas Árvore e Camelô. O antropólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Carlos Benedito Rodrigues da Silva, explicou ao G1 que as pessoas escravizadas trazidas para o Maranhão e Jamaica pertenciam aos mesmos grupos. Isso explica o gosto pelo reggae.
“Tem algumas semelhanças dos quilombolas jamaicanos com os encontrados no Maranhão, e também nos ritmos jamaicanos com os ritmos do tambor de crioula. Possivelmente essas pessoas foram trazidas do mesmo lugar”, pontua.

Referências
Hypeness 

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