Mesmo tendo começado com reuniões das classes médias, logo ela foi tomada pelo clamor popular que ali queriam fazer revolução pelos seus direitos e equidade racial. Sendo uma revolta social de cunho popular, alguns dos principais líderes foram os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas, os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus Nascimento, todos negros e pardos. E também o médico e filósofo Cipriano Barata, conhecido como médico dos pobres e com grande influência da maçonaria.
Causas da revolta
Entre 1788 e 1801, Fernando José de Portugal e Castro era responsável por governar a capitania da Bahia, o que causou bastante insatisfação na população durante esse período devido aos preços elevados das mercadorias, em especial alimentos. Isso os levou a praticar saques em açougues, mercados e vendas em geral para obter mercadorias essenciais. Além disso, a insatisfação do domínio de Portugal sobre o Brasil também contribuiu para a revolta.
Alguns dos seus principais objetivos era o fim do pacto colonial com Portugal, liberdade comercial no mercado interno e externo, abolição à escravidão e privilégios sociais, aumento de salários para soldados e implantação da República.
Bandeira da Conjuração Baiana. As cores da bandeira do movimento (Azul, branca e vermelha) são até hoje as cores da Bahia. |
Influências
Vale lembrar que dez anos antes havia acontecido a Inconfidência Mineira na região de Minas Gerais e suas ideias chegaram à capitania da Bahia. As ideias iluministas e republicanas das Treze Colônias Inglesas também chegaram aos ouvidos dos moradores da Bahia. No entanto, a Revolta dos Alfaiates tinha a libertação dos escravos como um dos seus ideais, a fim de que todos tivessem direitos e deveres individuais, diferentemente de outras revoltas como a própria Inconfidência Mineira.
A Revolta
No dia 12 de agosto de 1798, o movimento foi delatado para o governador por um dos seus integrantes, o ferreiro José da Veiga. Claro que o governador não gostou nada da notícia e enviou forças militares para que o movimento não acontecesse. Muitos dos membros foram presos enquanto distribuíam panfletos em frente a igrejas e ruas da capitania com a seguinte mensagem:
"Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais." (RUY, 1942, p. 68.)
Durante a repressão, muitas pessoas foram denunciadas, entre elas militares, funcionários públicos, pessoas da igreja como padres e pessoas de todas as classes.
No dia 8 de novembro de 1799, Lucas Dantas do Amorim Torres, Manuel Faustino dos Santos Lira, Luís Gonzaga das Virgens e João de Deus Nascimento foram condenados à pena capital, por enforcamento, tendo suas cabeças espalhadas pela cidade para que servisse de exemplo à população que lutava contra a Coroa.
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