segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A saúde mental da população negra


O mês de setembro chegou e com ele vem um tema também importante a ser debatido: a saúde mental da população negra. Setembro Amarelo é o mês mundial de prevenção ao suicídio. O que um dia já foi um tabu, hoje começa a ganhar mais espaço para debates, buscando identificar sinais e oferecer ajuda para aqueles que sofrem com a falta de informação.
Jovens, sobretudo jovens negros, são os mais afetados pelo suicídio causado pela discriminação racial, preconceito e pelo racismo institucional. Ansiedade, depressão e baixa autoestima são as principais consequências vividas por quem precisa lidar com uma sociedade tóxica, racista e intolerante, tanto socialmente quanto culturalmente, onde o negro é sempre visto de forma inferiorizada.

Índice de suicídio entre adolescentes e jovens negros
De acordo com um levantamento feito pelo Ministério da Saúde e pela UnB (Universidade de Brasília), entre 2012 e 2016 o risco de jovens negros de até 29 anos cometerem suicídio aumentou 12%, enquanto o da população branca manteve-se estável. O índice de jovens negros de até 29 anos que se suicidam é 45% maior que o de jovens brancos. A cada dez suicídios entre adolescentes e jovens no Brasil de 10 a 29 anos de idade, seis são de negros.
O sofrimento psíquico da população negra se apresenta em diferentes formas. É preciso entender se as características dessa população que sofre com o racismo vêm na população negra urbana, periférica ou de bairros centrais, se está em situação de rua, se é carcerária, quilombola, ribeirinha, qual o gênero, orientação sexual e outras muitas variáveis. Cruzando esses dados é possível identificar se aquele indivíduo está ou não mais vulnerável ou se tem maior ou menor chance de sofrer racismo. No entanto, mesmo assim, de alguma forma, toda pessoa negra pode ser atingida.

Foto retirada do site Observatório do Terceiro Setor

Quando nos referimos à branquitude não estamos falando sobre a cor da pele, mas a características deixadas pela colonização europeia de que traços como humanidade, sucesso, beleza, inteligência, bondade, ética, moralidade e força são atributos pertencentes a pessoas brancas. Então, por mais que você seja tenha uma boa condição financeira, um alto grau de escolaridade, acredite em meritocracia ou considera-se uma pessoa “morena”, “cor de jambo”, “chocolate” você está sujeito a sofrer com o racismo.


Pedir ajuda
É de extrema importância que o jovem negro saiba que está tudo bem pedir ajuda e que isso não o torna mais fraco. Buscar referências sobre a cultura negra, da leitura de jovens negros ajuda a encontrar um lugar de pertencimento. Ao se identificar com alguém, o jovem negro se sente menos sozinho.
O CVV (Centro de Valorização à Vida) presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional. É possível entrar em contato através do chat online, ligando para 188, por e-mail ou através de algum dos postos de atendimento da instituição que estão espalhados pelo país.
Enquanto sociedade, devemos fazer uma autorreflexão sobre o racismo. Sabemos que ele existe, mas nem todo mundo o percebe em si. Ele tem que não só ser percebido, mas combatido, tendo em vista que não foi a população negra que o criou.

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