quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Nollywood: a maior produtora de filmes do mundo é africana


A maior produtora de filmes do mundo está localizada na Nigéria, também conhecida como “o gigante da África” devido a sua grande população de aproximadamente 174 milhões de habitantes. A Nigéria é o sétimo país mais populoso do mundo. Além disso, é um importante fornecedor de petróleo para o Brasil. Porém, vamos deixar essas questões para outro momento e focar no que interessa: o cinema.
A indústria cinematográfica nigeriana produz cerca de 2.300 filmes por ano. A produção dos filmes possui baixo orçamento e são gravados em inglês e em idiomas tradicionais do país como igbo, hausa, yorubá, entre outros, no entanto, visam retratar suas relações e cultura africana.
Por ter essa forte relação com o cinema, a sua indústria passou a ser chamada de Nollywood, desbancando Hollywood (Estados Unidos), com uma média de 850 filmes ao ano, e Bollywood (Índia), com 1.041 filmes ao ano. Pelo fato do país possuir apenas 12 salas de cinema seu lucro cinematográfico se concentra no home vídeo. Sua maior bilheteria veio do filme “The Amazing Grace”, de Jeta Amata, com 25 mil espectadores.



O cinema nigeriano é a segunda área que mais emprega no país perdendo somente para a petrolífera. Seus filmes duram cerca de 10 dias para serem filmados e um mês para o processo fílmico, que vai da ideia à finalização e distribuição. As grandes produções custam cerca de 100 mil dólares e as grandes estrelas recebem cerca de 20 mil dólares de cachê. Dessa forma, os custos de produção são mínimos tendo em vista que o processo é barato e prático, o que facilita esse esquema em sua indústria cinematográfica.
Um caso curioso que começou a acontecer no início deste ano foi a de um “garoto” negro bastante expressivo. Esses vídeos viralizaram e tornaram-se memes no Twitter. O que deixou muita gente chocada foi o fato desse “garoto”, na verdade, ser um homem de 37 anos. Osita Iheme é um famoso ator de Nollywood e a maioria desses trechos são retirados de um filme de comédia chamado Aki na Ukwa, onde ele contracena com Chinedu Ikedieze de 41 anos.


A indústria cinematográfica é de uma cultura tão forte na Nigéria que incentivou um grupo de jovens da cidade de Kaduna, com 760.000 habitantes no noroeste do país, a criarem um canal no Youtube chamado Critics Company com produções voltadas para ficção científica. O que chama atenção é que os jovens não usam uma câmera para produzir os vídeos, mas um celular de tela trincada com um pedestal de microfone meio velho para segurá-lo e um chroma key que é feito de tecidos verdes comprados com a grana que eles juntaram. Como o sistema é lento e demora muito tempo para compilar, isso faz com que eles não consigam produzir filmes com mais de 10 minutos de duração.


Dentro desse universo cinematográfico nigeriano podemos ver filmes de fato produzidos por pessoas negras, com pessoas negras, para pessoas negras. Mostra que é possível pessoas negras interpretarem papéis sem necessariamente serem vistas em condições marginalizadas ou enquadradas em questões raciais. É o negro na comédia, ação, romance, drama, ficção científica, suspense etc. É poder mostrar suas qualidades e defeitos, assim como qualquer outra pessoa, sem perspectivas subalternas.
E já que estamos nesse clima de cinema, ficam aqui indicações de produções nigerianas disponíveis na Netflix feitas pelo Bruno Negão:

1 - Lionheart (2019)


A filha do dono de uma transportadora precisa assumir os negócios da família após o pai ficar doente. É o primeiro filme nigeriano com distribuição mundial da Netflix e mistura comédia com drama em suas cenas. Além disso, a protagonista Genevieve Nnaji, que também é diretora do filme, aborda diversas reflexões e críticas ao machismo enraizado na sociedade.

2 - A estrada nunca percorrida (2015)


Perdoar ou não perdoar? Eis a questão. Um casal com problemas no relacionamento possuem uma DR durante uma viagem, em que vão descobrindo segredos um do outro. Com um final surpreendente e emocionante, este é um daqueles filmes que é preciso assistir com um lenço ao lado para secar as lágrimas (ou eu que sou muito chorão mesmo).

3 - Casamento às avessas (2017)

Durante o casamento, um casal enfrenta diversas situações cômicas e inusitadas ao lado de seus familiares. É aquela típica comédia despretensiosa feita pra passar o tempo num domingo à noite. No entanto, destaca-se a fotografia do filme (que é muito MUITO muito bonita) e as diversas tradições presentes durante o casório, desde a alimentação até à vestimenta.

4 - Aprendiz de mecânico (2019)


Uma criança de família rica é levada pra trabalhar numa oficina e começa a desenvolver diversas habilidades, além de vivenciar experiências marcantes com seus colegas. O filme traz diversas críticas sociais com um tom cômico — destaque para o momento em que um aprendiz de mecânico questiona o conhecimento adquirido pelos engenheiros mecânicos na universidade.

5 - The CEO (2016)


Uma empresa mundial precisa escolher o novo CEO da sua sede na Nigéria e convoca cinco executivos para um treinamento num retiro, mas que acaba se tornando um teste de sobrevivência em que eles precisam proteger a própria vida. (alerta: esse filme contém brancos, rs)

6 - Falling (2015)


Após acidente de carro, uma esposa vê seu marido em coma profundo no hospital enquanto ela acaba por se envolver com uma nova pessoa. Particularmente, este filme é um romance daqueles que nos faz acreditar no amor (e perder 50% da pose de bandido).

7 - The Arbitration (2016)


Após o diretor de uma empresa ser acusado de abusar sexualmente uma das suas principais funcionárias, uma comissão especial é convocada pra julgar o caso. Com uma dinâmica inteligentíssima, o filme traz à tona temas como chantagem psicológica, abuso emocional, conflito de interesses e empoderamento feminino.

8 - Cinquentonas (2015)


É basicamente um filme sobre a vida de quatro mulheres na faixa etária dos 50 anos, cada uma com sua peculiaridade, história e dramas. Quatro mulheres pretas e ricas. Só por isso já valeria a pena assistir o filme, porém ele também nos brinda com um “plot twist” emocionante.

Bônus: Mais uma página (2018)


Essa produção é, na verdade, da África do Sul*. É a história um casal, cujo o marido entra em contradições após conhecer um escritor branco famoso e o acolher em sua casa. Apesar de não ser de Nollywood, entra na lista pois, além de ser uma produção do continente africano, vale a pena conferir a forma com que o filme trata a questão do ciúme e possessividade nos relacionamentos modernos.Referências
Revista Moviement
Dicionário Popular
Época Negócios
Medium
Judao

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