No texto de hoje falaremos sobre a força
feminina do maior quilombo do período colonial no Brasil: Dandara. A
resistência corria nas veias da guerreira que lutou ao lado de homens e
mulheres em defesa de seu povo durante o século XVII.
Ainda não se sabe exatamente se Dandara
nasceu no Brasil ou se veio de fato da África. Ela chegou ainda menina no
quilombo. Ela era esposa de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares.
Inclusive, também já contamos a história dele aqui no blog. Juntos, tiveram 3
filhos. Dandara dominava técnicas da capoeira e sua participação em Palmares
envolvia embates físicos, ajudar na elaboração de estratégias para resistência
do quilombo, além de atividades como a caça e agricultura. Lá, eles também cultivavam
a policultura de milho, mandioca, feijão, batata-doce, cana-de-açúcar e banana.
Segundo a antropóloga e professora
aposentada da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Maria de Lourdes Siqueira, “Dandara
é a mais representativa liderança feminina na República de Palmares. Participou
de todas as batalhas, de todas as lutas, de tudo que lá foi criado, organizado,
vivido e sofrido. Sabe-se pouco sobre as suas origens: onde nasceu, de onde
veio. Alguma literatura diz que ela tinha ascendência na nação africana de Jeje
Mahin”. Ela completa dizendo: “Não se conhece a imagem de Dandara mas, pelo seu
talento demonstrado, ela é uma mulher forte, bela, guerreira, persuasiva,
líder, e obstinada por liberdade. Dandara contribuiu com toda a construção da
sociedade de Palmares, e para sua organização socioeconômica, política,
familiar”.
O Quilombo dos Palmares ficava localizado
na região da Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco. Hoje, a região pertence
a Alagoas, no município de União dos Palmares. A partir de 1630, por conta da
invasão holandesa, os ataques à Palmares tornaram-se mais frequentes. A
história conta que Dandara teve um importante papel no rompimento de Zumbi com
seu então tio, primeiro líder dos Palmares, Ganga-Zumba.
Por volta de 1967, Ganga-Zumba teria feito
um acordo de paz com o governo de Pernambuco. Nele, era previsto que as
autoridades libertassem os palmarinos que tinham sido feitos de prisioneiros em
um dos confrontos e que também concedesse liberdade para os que haviam nascido
em Palmares, além de permitir a realização do livre comércio no quilombo. Em
troca, os habitantes do quilombo deveriam entregar os escravos fugitivos que
ali buscassem abrigo.
Dandara e Zumbi não concordaram com aquele
pacto por visarem que não se tratava do fim da escravidão para o sue povo,
ideal que eles tanto lutavam para alcançar. Assim, Ganga-Zumba foi morto por um
dos negros contrários à sua proposta.
Embora a história de Dandara seja escassa
de registros historiográficos, relatos dão conta de que ela teria se jogado de
uma pedreira ao abismo em 6 de fevereiro de 1694. A guerreira preferiu a morte
a se entregar às forças militares que subjugaram o quilombo.
Que Dandara possa viver pra sempre em
nossos corações, inspirando coragem e resistência. Sua história será pra sempre
motivo de orgulho para aqueles que lutam contra as barreiras do racismo e
preconceito. Uma vez guerreira sempre guerreira!
Acesso o site da Negroblue e vista-se de
resistência.

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