terça-feira, 24 de setembro de 2019

Dandara: representação de liderança feminina dos Palmares

No texto de hoje falaremos sobre a força feminina do maior quilombo do período colonial no Brasil: Dandara. A resistência corria nas veias da guerreira que lutou ao lado de homens e mulheres em defesa de seu povo durante o século XVII.
Ainda não se sabe exatamente se Dandara nasceu no Brasil ou se veio de fato da África. Ela chegou ainda menina no quilombo. Ela era esposa de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares. Inclusive, também já contamos a história dele aqui no blog. Juntos, tiveram 3 filhos. Dandara dominava técnicas da capoeira e sua participação em Palmares envolvia embates físicos, ajudar na elaboração de estratégias para resistência do quilombo, além de atividades como a caça e agricultura. Lá, eles também cultivavam a policultura de milho, mandioca, feijão, batata-doce, cana-de-açúcar e banana.
Segundo a antropóloga e professora aposentada da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Maria de Lourdes Siqueira, “Dandara é a mais representativa liderança feminina na República de Palmares. Participou de todas as batalhas, de todas as lutas, de tudo que lá foi criado, organizado, vivido e sofrido. Sabe-se pouco sobre as suas origens: onde nasceu, de onde veio. Alguma literatura diz que ela tinha ascendência na nação africana de Jeje Mahin”. Ela completa dizendo: “Não se conhece a imagem de Dandara mas, pelo seu talento demonstrado, ela é uma mulher forte, bela, guerreira, persuasiva, líder, e obstinada por liberdade. Dandara contribuiu com toda a construção da sociedade de Palmares, e para sua organização socioeconômica, política, familiar”.

                             

O Quilombo dos Palmares ficava localizado na região da Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco. Hoje, a região pertence a Alagoas, no município de União dos Palmares. A partir de 1630, por conta da invasão holandesa, os ataques à Palmares tornaram-se mais frequentes. A história conta que Dandara teve um importante papel no rompimento de Zumbi com seu então tio, primeiro líder dos Palmares, Ganga-Zumba.


Por volta de 1967, Ganga-Zumba teria feito um acordo de paz com o governo de Pernambuco. Nele, era previsto que as autoridades libertassem os palmarinos que tinham sido feitos de prisioneiros em um dos confrontos e que também concedesse liberdade para os que haviam nascido em Palmares, além de permitir a realização do livre comércio no quilombo. Em troca, os habitantes do quilombo deveriam entregar os escravos fugitivos que ali buscassem abrigo.
Dandara e Zumbi não concordaram com aquele pacto por visarem que não se tratava do fim da escravidão para o sue povo, ideal que eles tanto lutavam para alcançar. Assim, Ganga-Zumba foi morto por um dos negros contrários à sua proposta.
Embora a história de Dandara seja escassa de registros historiográficos, relatos dão conta de que ela teria se jogado de uma pedreira ao abismo em 6 de fevereiro de 1694. A guerreira preferiu a morte a se entregar às forças militares que subjugaram o quilombo.
Que Dandara possa viver pra sempre em nossos corações, inspirando coragem e resistência. Sua história será pra sempre motivo de orgulho para aqueles que lutam contra as barreiras do racismo e preconceito. Uma vez guerreira sempre guerreira!



Acesso o site da Negroblue e vista-se de resistência.

                                               




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