Durante o período escravocrata, os
escravos vindos da África foram proibidos de cultuar suas religiões. Sendo
assim, eles faziam uso das imagens de figuras católicas para conseguirem fugir
da censura que foi imposta pela igreja. É a partir dessa perspectiva que
podemos explicar o sincretismo no Candomblé no Brasil, ou seja, a união de
religiões e ideologias que dão origem a outra.
Algumas figuras do Catolicismo sincretizadas
com orixás do Candomblé são, por exemplo, Santa Bárbara. Os escravos fingiam
cantar para a santa quando, na verdade, o culto era destinado a Iansã, orixá da
sexualidade e deusa dos ventos e raios. Já São Lázaro, com suas feridas e
chagas, era sincretizado por Omulú, orixá das doenças de pele.
No entanto, o sincretismo ocorreu de forma
diferente em vários lugares do Brasil. Dessa forma, no Rio de Janeiro, o deus
da guerra Ogum é sincretizado por São Jorge e na Bahia é sincretizado com Santo
Antônio. A imagem de São Jorge lutando com armadura e capacete contra um dragão
é contrastada com a de Santo Antônio com um bebê em seus braços, que, segundo a
Igreja Católica, teria sido um soldado, por isso o sincretismo com Ogum.
Como
surgiu o Candomblé no Brasil
É difícil dizer quando o Candomblé surgiu,
tendo em vista que sua origem deu-se a partir da mitologia Ioruba. Seu
epicentro foi no território de Iorubalândia, região situada no oeste da África,
onde hoje é o sudoeste da Nigéria e partes de Benin e do Togo. Ifé foi a cidade
de Iorubalância que desenvolveu a mitologia Ioruba. Segundo os arqueólogos, a
mesma foi erguida 500 a.C.
O Candomblé chegou ao Brasil no século
XVI. Historiadores acreditam que esse nome foi dado a religião Ioruba após a
chegada dos escravos ao Brasil e por ter passado por diversas mudanças devido a
proibição do seu culto durante esse período, até porque aqui recebia-se
escravos de várias partes da África. Cada um cultuando seus deuses de formas
diferentes, assim como suas tradições.
Pra quem não sabe, o Candomblé se divide
em três nações: a nagô, keto e ijêxa. Dessa forma, a forma de culto são diferentes
dadas ao sincretismo que ocorreu nessa época. A partir do século XX, no Rio de
Janeiro, surgiu a Umbanda, religião oriunda do Candomblé. Ou seja, Ioruba seria
a mãe do Candomblé e avó da Umbanda. Mas é uma história que iremos contar
depois.
População candomblecista
Não se sabe exatamente o número de fiéis,
no entanto, de acordo com o Suplemento sobre Participação Político-Social da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em 1998, 0,6 dos chefes de família (ou
cônjuges) seguiam cultos afro-brasileiros. No mesmo ano, o Instituto Gallup de
Opinião Pública indicou que Candomblé ou Umbanda era a religião de 1,5% da
população. O número de fiéis pode ser considerado muito maior, mas muitas pessoas
ainda têm medo de revelar a sua religião por medo de sofrer preconceito.
Os dados não param por aqui. A Federação
Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Fenatrab) diz que 70 milhões de
brasileiros estão ligados direta ou indiretamente a terreiros, seja como
praticante ou clientes que, ocasionalmente, pedem bênção ou “serviço”.
Em 1980, o antropólogo Ordep Serra, da
Universidade Federal da Bahia, em um convênio com a Prefeitura de Salvador com
a Fundação Pró-Memória, mapeou 1.200 terreiros na região metropolitana de
Salvador. Em 1984, o sociólogo Reginaldo Prandi, da Universidade de São Paulo,
informou que haviam 19.500 terreiros registrados nos cartórios da capital
paulista. Hoje, o número pode ser considerado muito maior. Somos muitos!
A Lei Federal de 6292, de 15 de novembro
de 1975, com o intuito de preservar a cultura africana, tornou alguns terreiros
de Candomblé patrimônio material ou imaterial passível de tombamento.
Há centenas de orixás para serem cultuados. No
Brasil, os mais comuns são Oxum, Iansã, Ogum, Xangô, Exú, Oxalá, Oxóssi e
Iemanjá. Foto retirada do site Toda Matéria |
Bom, falaremos em breve sobre cada um
deles. Por enquanto, não deixe de acompanhar a Negroblue e fortalecer a nossa
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Referências
Astrocentro
Toda Matéria 1
Toda Matéria 2
Superinteressante
Astrocentro
Toda Matéria 1
Toda Matéria 2
Superinteressante
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