Uma parte dos africanos escravizados no Brasil veio de
Benin, região ocidental da África. Lá, também já foi uma região conhecida como
Reino do Daomé, durante o século 19, onde surgiram as guerreiras Ahosi, que
significa “mulheres do rei” na língua Fon ou Mino “nossas mães”. A história
conta que elas foram o exército mais próspero do continente africano na época
das invasões europeias em busca de comércio escravo.
Treinadas militarmente para servirem de guardiãs do rei de
Daomé, as Ahosi tiveram seus primeiros registros de existência entre 1645 e
1685, durante o reinado de Aho Houegbadja, sendo o único exército feminino reconhecido historicamente antes do
século 17. Totalizando 6 mil mulheres, representavam cerca de um terço do exército
de Daomé. Inclusive, foram chamadas como Amazonas por muitos historiadores e
observadores europeus que acreditavam nas semelhanças das míticas guerreiras da
antiga Anatólia e do Mar Negro.
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Ahosi – Foto: reprodução da internet |
A principio, as Ahosi eram um grupo de mulheres que caçavam elefantes, mas que depois foram treinadas para atuar como guerreiras em defesa do rei. O que mais chamava atenção sobre elas era a sua ferocidade e boa desenvoltura no campo de batalha, eram ensinadas a serem brutas e fortes para que suas dores fossem superadas e que não tivessem medo durante as batalhas. Além disso, o treinamento consistia em lembrá-las de que jamais fossem superadas por homens e que elas podiam ser tão boas quanto eles. Tudo isso acabava sendo uma surpresa para os homens brancos que eram treinados para enfrentar outros homens e viam as mulheres como passivas e inferiores. Uma surpresa que certamente não era boa!
Mesmo possuindo
tanto poder, essas mulheres não escaparam da sociedade patriarcal e machista
daquela época. Quando pais e maridos achavam que suas filhas e esposas
serviriam melhor do que eles mesmos, elas eram enviadas ao Estado. Com o tempo,
algumas mulheres também passaram a se alistar de forma voluntária. E, é claro, elas não poderiam ter contato
sexual com nenhum homem para não correr o risco de engravidar. Toda sua vida
sexual e reprodutiva era controlada pelo rei.
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Ahosi – Foto: reprodução da internet |
As Ahosi tiveram um
papel importantíssimo durante a resistência do Reino Daomé contra os ataques
franceses, onde só foram derrotadas após a França solicitar armamento superior
com metralhadoras e cavalaria, por exemplo. A última Ahosi viva morreu em 1979,
aos 100 anos de idade.
Curiosidades
- As mulheres de Dora Milaje do fictício reino de Wakanda, do filme Pantera Negra, são inspiradas nas guerreiras Ahosi;
- Existe um filme chamado “Cobra Verde” do diretor alemão Werner Herzog que retrata as Ahosi;
- O jogo de computador “Empire: Total War” (episódio 7) também representa as guerreiras Ahosi.
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Dora Milaje – Foto: reprodução da internet |
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