quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Quem foi Malcolm X?

Hoje, convidamos você a conhecer a história de um dos maiores líderes americanos da comunidade negra. Seu ativismo atuou entre 1950 e 1960 em favor dos direitos civis dos afro-americanos. Fazia parte da organização de religião islâmica Nação Islã, que defendia o nacionalismo negro e o separatismo racial. Mudou seu nome de Malcolm Little para Malcolm X e foi assassinado a tiros em 21 de fevereiro de 1965.

Nascido em Omaha, Nebraska, em 19 de maio de 1925, Malcolm era o quarto dos oito filhos de Louise Little e do pastor da igreja batista Earl Little. Sua mãe era fruto de estupro de um homem branco que jamais foi acusado por tal crime. Membros de um grupo de supremacia chamado Legião Negra atearam fogo em sua casa em forma de protesto aos sermões dados pelo seu pai em defesa dos direitos dos negros. Sua família foi obrigada a fugir duas vezes, sendo a última para Michigan.

Na fazenda em que viviam, os vizinhos, que eram todos brancos, entraram com uma ação na justiça para que os Little se mudassem. Claro que os Little se recusaram e como consequência tiveram, novamente, a casa incendiada. O pai de Malcolm tentou ser ajudado pela polícia, mas acabou sendo preso e acusado de forçar o incêndio da própria casa para conseguir dinheiro do seguro. A briga entre vizinhos só chegou ao fim quando Earl Little teve seu corpo mutilado nos trilhos de uma estrada de ferro, em 1931. Além de não haver investigação criminal para tal barbaridade, a polícia concluiu que ele havia se suicidado.


A juventude de Malcolm

A sua mãe, Louise, não aguentou ver o marido ser assassinado de forma tão brutal e a família passando por necessidades e sucumbiu. Em 1938, foi internada em um hospital psiquiátrico onde passou cerca de 26 anos sob cuidados médicos. O acontecimento levou Malcolm a ser adotado por uma família branca. Aos 15 anos, Malcolm larga a família para morar com sua irmã mais velha em Boston. Malcolm vivia de bicos e em algumas dessas ocasiões, conseguiu um emprego no trem para Nova York. O garoto passou a frequentar o Harlem, famoso por ser considerado um bairro negro, ter contato com criminosos, prostitutas.

Malcolm X – Foto retirada do site Rede Brasil Atual

Quando tinha 17 anos, passou a se envolver com tráfico de drogas, roubo, jogos e prostituição. Voltou para Boston após ser detido duas vezes. Lá, formou a própria gangue e passou a roubar casas. Foi condenado a dez anos de prisão por ser pego vendendo um relógio roubado. Durante o período detido, Malcolm converteu-se ao Islã e passou a ficar mais próximo dos muçulmanos. Após cumprir seis anos e meio de prisão, Malcolm é solto, é aceito na Nação Islã e muda seu nome para Malcolm X. Ele disse que “esse nome foi dado aos meus ancestrais por aqueles que os fizeram escravos e recuso-me a usá-lo" e que o “X” era a simbolização da sua identidade desconhecida.

O Islã em sua vida

Diferente de Martin Luther King Jr, o discurso de Malcolm X falava sobre os negros reagirem de forma violenta, caso preciso fosse, contra seus opressores como forma de autodefesa.  Seus discursos chamavam a atenção de Elijah Muhammad, líder da Nação Islã, o que rendeu a ele uma ascensão hierárquica na organização e ocasionou que estivesse à frente das construções dos templos de Boston, Hartford e Filadélfia, até virar líder do Templo Número 7, no Harlem, tornando-se, por fim, porta-voz da Nação Islã. Malcolm trouxe bastante visibilidade a Nação Islã através de seus discursos. Em dez anos, ele aumentou a organização de 500 membros para 30 mil.

"Nós não separamos nossa cor da nossa religião. O homem branco também nunca separou o cristianismo da cor branca. Quando você ouve o homem branco se gabando: "Eu sou cristão", ele está se gabando de ser um homem branco. Minha mãe era cristã, meu pai era cristão. Meu pai era um homem negro e minha mãe era uma mulher negra, mas as canções que eles cantavam na igreja eram feitas para encher seus corações com o desejo de ser branco". – Malcolm X em um dos seus discursos mais conhecidos.

Martin Luther King Jr. e Malcolm X – Foto retirada do site Aventuras na História

Malcolm chegou a denunciar Elijah Muhammad por manter relações amorosas secretas com mulheres da Nação Islã. Em 1963, ele deixa a organização. Em abril do ano seguinte, ele segue para Arábia Saudita para fazer a peregrinação da Meca e depois foi para a África. Após essa viagem, Malcolm havia mudado e voltou para os Estados Unidos diferente não em seus discursos, mas também com um novo nome El-Hajj Malik El-Shabazz. Uma nova ideologia havia sido adotada pelo ativista.

O assassinato

Elijah e Malcolm passaram a ter uma relação de rivalidade. Mais uma vez, a casa de Malcolm morava foi incendiada. A esposa de Malcolm, Betty X, recebeu algumas ameaças de morte por telefone e fugiu com a filha. Eles suspeitavam que a Nação Islã era a responsável pelo atentado. Uma semana depois do ocorrido, no dia 21 de fevereiro de 1965, Malcolm resolve fazer um discurso no Harlem. Desta vez, ele pediu para que os seguranças não portassem armas ou que o público fosse revistado.

Enquanto discursava, uma confusão formou-se na plateia, levando os seguranças a deixarem ele sozinho no palco. No momento, homens que estavam na primeira fileira do auditório atiraram. Malcolm foi atingido por 14 tiros na frente da sua mulher e filhas. Embora tenha sido socorrido na hora, o ativista já chegou morto ao hospital.

E foi assim que chegou ao fim a trajetória de uma das maiores vozes do movimento negro dos Estados Unidos. Até hoje não há evidências sobre a Nação Islã ter participação na morte de Malcolm X. Na Netflix há um documentário falando sobre a sua morte chamado Quem matou Malcolm X?


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