Nos últimos dias, o vídeo de dançarinos negros carregando um caixão nos ombros viralizou. Várias montagens já foram feitas utilizando esse conteúdo. Em sua maioria, elas sucedem imagens de prováveis acidentes que poderiam resultar em um funeral, por exemplo. Essas montagens ainda contam com a trilha sonora animada de um remix da música “Astronomia”, do artista russo Tony Igy.
Mas o que interessa aqui é a cultura africana por trás desse meme. Na verdade, a sua origem é de Gana, país situado no Golfo da Guiné, na África Ocidental. Diferente de nós que estamos acostumados com cerimônias mais tristes, em muitas regiões da África existem rituais que fazem referência à vida, e não à morte. Acredita-se que a morte não é o fim, mas sim uma parte da história de cada indivíduo. A vida continua, só que não mais nesse plano.
Foto: reprodução da internet |
Benjamin Aidoo é o agente funerário responsável pelas coreografias que vemos nos vídeos. Em entrevista à BBC News, Aidoo explica que pergunta aos seus clientes como eles gostariam que fosse feita a cerimônia de despedida dos entes queridos. “Eu decidi acrescentar uma coreografia, então quando o cliente vem até nós, perguntamos: ‘Você quer algo solene ou um pouco mais de teatro? Ou talvez uma coreografia?’ É só pedir que nós fazemos”, afirma.
“Essas pessoas, quando elas estão levando nossos entes queridos ao seu local de descanso, elas também dançam. Então decidi dar à minha mãe uma viagem dançante a seu criador”, explica uma cliente de Benjamin Aidoo.
A música original tocada na cerimônia é um jazz africano, mas foi substituída por um remix quando caiu nas graças dos memes. Certamente, Aidoo não imaginava que a sua ideia em trazer mais alegria nos funerais iria viralizar na internet.
Os funerais em Gana já eram conhecidos por seus caixões de formas variadas. De acordo com sua tradição, as pessoas podem ser enterrada em caixões personalizados, sendo esses representantes do seu trabalho ou algo que amaram quando estavam vivos.
Fotos retiradas do site Afreaka |
Segundo o site Afreaka, os primeiros formatos desses caixões surgiram nos anos 50, tendo como responsável o carpinteiro Seth Kane Kwei. A sua avó era fascinada por aviões e, infelizmente, não teve a chance de conhecer o meio de transporte que tanto admirava.
Pensando em homenageá-la, Seth construiu um caixão em forma de avião para que ela pudesse fazer a sua viagem para o outro mundo com o que ela tanto sonhou. Desde então, surgiram várias encomendas para ele e tornou-se algo cultural no funerais em Gana.
Referências
O Globo
Notícia Preta
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