No artigo “Qual é a identidade do homem negro?”, de Osmundo Pinho, ele fala que ser negro é ser o corpo negro, que emergiu simbolicamente na história como o corpo para o outro, o branco dominante. Assim, o corpo negro masculino é fundamentalmente corpo-para-o-trabalho e corpo sexuado. Está, desse modo, decomposto ou fragmentado em partes: a pele; as marcas corporais da raça (cabelo, feições, odores); os músculos ou força física; o sexo, genitalizado dimorficamente como o pênis, símbolo falocrático do plus de sensualidade que o negro representaria e que, ironicamente, significa sua recondução ao reino dos fetiches animados pelo olhar branco.
Buscando acabar com o estereótipo da masculinidade negra, o fotógrafo Brandon Stanciell, de 25 anos, Los Angeles, criou o projeto 37 Niggas. Sua intenção é fazer com a sociedade tenha um outro olhar para os homens negros e sua masculinidade, mostrando o quão diferente e vasta é a negritude. A série é composta por 37 homens negros sem camisa que são retratados em frente a um tecido vermelho, preto e verde, que replica a imagem da bandeira Pan-Africana, símbolo de união africana.
Brandon explica que a ideia de usar os modelos sem camisa e com flores é justamente para desafiar a masculinidade, que dessa forma eles parecem vulneráveis e nus e sua intenção é mostrá-los como realmente são: não vestindo nada ou se escondendo atrás de algo.
O homem negro é muito mais que apenas um corpo. O homem negro é resistência, é história, é luta contra o racismo e por políticas de igualdade. O problema da hipersexualização do homem negro está em quem o faz, não em quem é visto.
Referências
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