Houve uma época em que a segregação racial
nos Estados Unidos era gritante. Antigamente, existiam normas para os brancos
não se misturarem com os negros. Sendo assim, havia lugares específicos para
sentar nos ônibus, nas escolas, andar nas ruas, entre outros locais típicos
para frequentar. Embora hoje seja crime discriminar alguém por causa da cor da
sua pele, infelizmente, ainda é possível ver inúmeros casos racismo por lá.
Diante do absurdo que era viver recluso
dentro do próprio país, sem direitos civis, políticas públicas e por ter
passado por diversas atrocidades durante o período escravocrata, o movimento
negro dos Estados Unidos teve dois nomes importantes contra a discriminação
racial: Huey Newton e Bobby Seale. Eles foram os fundadores do Partido dos
Panteras Negras.
Huey Newton e Bobby Seale |
O partido foi fundado em 15 de outubro de
1966, em Oakland, Califórnia, com o nome de Partido Pantera Negra para
Autodefesa. O objetivo do movimento revolucionário era ficar atento à violência
causada pela polícia contra residentes dos guetos negros. Sua filiação era de
ideologia marxista, além de propor que negros pudessem possuir armas e serem
isentos do pagamento de impostos já que o país era “governado para brancos”.
Além disso, eles pregavam que os negros deveriam receber indenização por todos
os anos sofridos durante a escravidão e exigiam liberdade para os que
estivessem na prisão.
Os Panteras Negras também foram
responsáveis pelo empoderamento da beleza negra, o que ajudou a atrair mais
membros. Na época, isso refletiu um novo retrato para comunidade afro-americana:
homens e mulheres negras ostentando seus cabelos afros, boinas e jaquetas de
couro. Um ex-membro do partido chamado Jamal Joseph disse durante a participação
de um documentário
que “os Panteras não inventaram a ideia
de que o negro é lindo. Uma das coisas que os Panteras fizeram foi
[provar] que o negro é lindo”.
A popularização do partido
No decorrer do tempo o partido ficou bastante
popular nos Estados Unidos, contando com mais de dois mil membros e atuando nas
principais cidades do país até ficar conhecido apenas como Panteras Negras. A
década de 1960 foi marcada por diversos conflitos entre o grupo e a polícia
devido as suas manifestações. Muitos deles terminavam em tiroteios com vítimas
fatais para ambos os lados. Foi em um desses confrontos, em 1967, que um dos
fundadores dos partido, Huey Newton, foi preso após ferir fatalmente um
policial.
Foto: Stephen Shames |
Em 1968, o diretor do FBI, J. Edgard
Hoover, classificou os Panteras Negras como “a maior ameaça à segurança interna
americana”. Foi criada uma operação secreta chamada COINTELPRO com objetivo de
enfraquecer o grupo. Hoover tinha medo que os Panteras Negras ganhassem força
no país e tivesse apoio de ativistas brancos. Através dessa operação, Hoover
conseguiu rastrear, perseguir, pesquisar mais informações sobre o partido e até
mesmo infiltrar informantes do FBI no grupo, sendo um deles William O’Neal
atuando como guarda-costas de Fred Hampton.
O início da década de 1970 também contou
com papéis femininos que foram fundamentais no partido. Kathleen Cleaver,
Assata Shakur, Elaine Brown e Angela Davis — que não era filiada – assumiram posições de liderança e
eram influências na direção do partido.
Muitos membros foram presos ao longo das
décadas de 1970 e 1980. Disputas políticas internas e o uso de drogas também
contribuíram para que o grupo perdesse força. Os Panteras Negras foram muito importantes e
seguem como símbolo de luta contra o racismo em todo o mundo. Sua existência
foi fundamental na conquista de direitos para os afro-americanos, assim como
Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Há um documentário chamado “Os Panteras Negras: A Vanguarda
da Revolução”, de Stanley Nelson, que fala sobre as
contribuições, convicções e dificuldades dos membros dos Panteras Negras e
trata de forma profunda sobre as verdades por trás do partido. Fica a dica e
até a próxima!
Capa do documentário |
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