Toda criança tem direito à educação. No entanto, vivemos em um país desigual onde nem todos podem usufruir dos mesmos direitos e oportunidades. No Brasil, a etapa inicial da educação básica começa dos 0 a 5 anos. Nessa fase, é promovido o desenvolvimento físico, intelectual, linguístico e social, assim, dando continuidade ao que foi iniciado pela família e comunidade. É também nesse período da educação infantil que as crianças começam a conhecer seus corpos, as diferenças e semelhanças entre seus colegas, escolhem com quem brincar e se relacionar etc. Dentro desse contexto, podemos começar a trabalhar as relações raciais na educação infantil.
É normal pensarmos que o preconceito está restrito apenas ao adulto. Pelo contrário, crianças também fazem parte da discriminação e a praticam de diversas formas. É importante que educadores desempenhem o papel de trazer questões relacionadas às diferenças e pertencimento racial, isso não só com os alunos como também com a família e comunidade.
A educação infantil nos proporciona vivenciar os nossos primeiros círculos de relacionamento e convivência em coletivo. A partir daí, elas têm a oportunidade de aprender sobre as pautas de convivência que envolvem o respeito ao próximo e a si mesmas. Esses espaços ajudam a eliminar o preconceito, o racismo e a discriminação para que elas possam compreender e criar consciência de valorização dos diversos grupos étnicos raciais.
Um exemplo de como educadores podem contribuir para uma educação infantil que busque ensinar a importância entre as diferenças é o caso da professora Rita de Cássia da Silva, do Centro Municipal de Educação Infantil Creche Vovô Zezinho, em Salvador. Em entrevista ao site Nova Escola, ela contou que um dia levou bonecos com vários tons de pele para a sala de aula, além de fotos de pessoas com características físicas distintas. Brenda, uma criança que na época tinha 3 anos e meio de idade, apontou para a fotografia de uma criança negra e disse que “era feia”. Então, Rita perguntou o motivo da boneca ser feia e a criança respondeu “Porque ela é igual a mim”.
Rita, pensando em valorizar a identidade racial das crianças, criou o projeto intitulado Griô, uma palavra de origem africana e significa “contar histórias”. Dos 150 matriculados na escola, 89 eram afrodescendentes e pouquíssimos conheciam a cultura dos seus antepassados. Rita promoveu rodas de conversas, mostrou onde ficava a África no globo terrestre e os apresentou ao Vovô Zezinho e Marinha Chiquinha, um casal de bonecos pretos que viraram mascotes da turma. Além disso, Rita escolheu sete contos africanos que explorassem suas africanidades e associou cada um deles a uma atividade diferente.
Valter Roberto Silvério, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) diz que “o sucesso escolar está ligado a uma boa formação. E esse sucesso depende muito da relação que a criança tem com a escola”. Apesar de a maior parte da população brasileira ser negra, sabemos que é a que possui o menor nível de escolaridade. Para além disso, dentro de sala o tratamento com crianças negras é diferenciado, um fator que chega a contribuir para o seu baixo rendimento.
Valter Roberto Silvério, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) diz que “o sucesso escolar está ligado a uma boa formação. E esse sucesso depende muito da relação que a criança tem com a escola”. Apesar de a maior parte da população brasileira ser negra, sabemos que é a que possui o menor nível de escolaridade. Para além disso, dentro de sala o tratamento com crianças negras é diferenciado, um fator que chega a contribuir para o seu baixo rendimento.
A pedagoga Lucimar Rosa Dias, especialista em Educação e relações raciais e membro da Comissão Técnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados a Educação dos Afro-Brasileiros, do Ministério da Educação informa que “infelizmente, muitas escolas reproduzem a discriminação racial e muitos professores não apresentam propostas pedagógicas para se contrapor a essas situações”. Ela ainda pontua: “o acesso a um ambiente que estimula o respeito à diversidade ajuda a formar jovens mais respeitadores, mais educados e mais preocupados com a coletividade”.
Por isso, as práticas pedagógicas realizadas na educação infantil são de extrema importância para ampliar a visão sociocultural e mostrar a diversidade para essas crianças. Em entrevista ao Geledés, a pedagoga Clélia Rosa fala bem sobre como as relações étnicos-raciais podem ser abordadas em sala de aula.
E você, além de ensinar sobre sua ancestralidade, tem cobrado uma educação que ensine os valores étnicos-raciais ao seu filho? Inclusive, no Dia dos Pais, entrevistamos o Psicólogo e pós-graduado em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça Vinicius Dias. Em um trecho da reportagem ele dá dicas de como pais negros podem ajudar seus filhos negros a fortalecer sua ancestralidade e prepará-los para uma sociedade racista.
Referências
CEERT
Nova Escola
Geledés
Nova Escola
Geledés
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