quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Kwanzaa: uma celebração afro-americana de Natal


A África é um continente rico em cultura e cheio de tradições. Algumas delas fazem parte da nossa história por causa da herança ancestral que temos dos africanos que foram trazidos à força e escravizados aqui no Brasil e em outros países colonizados. Existe uma tradição chamada Kwanzaa que tem como objetivo reunir descendentes de países africanos para celebrar a cultura ancestral.

A festa Kwanzaa tem duração de sete dias. Inicia-se no dia 26 de dezembro e dura até o dia primeiro de janeiro. É também mais comum entre os afro-americanos e negros da diáspora. Na comunidade afro-brasileira a celebração ainda é desconhecida ou alcança uma pequena parte da população consciente do seu papel em reconstruir a memória dos seus ancestrais africanos.

Nesses sete dias de celebração, há também algumas pautas. Eles costumam abordar temas como os princípios da união, trabalho coletivo e fé. Além dos momentos de refeição coletiva, troca de presentes e cerimônia com velas, não poderia faltar, é claro, danças e música africanas.

A Kwanzaa está muito ligada à colheita. Seu nome vem do suaíli, língua falada por milhares de pessoas na África. Seu significado vem de “matunda ya kwanza”, em português “primeiros frutos”. Esses rituais relacionados à colheitas eram comuns na África antigamente e ainda acontecem até hoje em muitos grupos sociais, como os zulus e em agrupamentos menores sul africanos, como os matabelos, thonga e lovedus.

Foto retirada do site Newsela

Como surgiu
Esse feriado “pan-africano” surgiu em 1966 através do ativista e professor da Universidade da Califórnia chamado Maulana Karenga. Nesse período, o Estados Unidos passava pela fase do movimento pelos direitos civis americanos. Karenga era professor de estudos pan-africanos e resolveu criar a festa como uma forma de resgatar a identidade cultural diante do contexto de luta dos afro-americanos em busca de igualdade por seus direitos.

Segundo o site Nexo, “o pan-africanismo é um movimento que defende a união de descendentes de países africanos, que possuem herança e interesses em comum, na defesa dos direitos dos negros e valorização de sua coletividade étnico-racial”. O pan-africanismo surgiu nos Estados Unidos no século 19. Durante a década de 1960, estudiosos e ativistas norte-americanos, como Edward Burghardt Du Bois e Marcus Garvey, amplificaram as ideias sobre o assunto por meio de estudos.


Os princípios da Kwanzaa
Durante o período de celebração da festa cada dia é dedicado para um princípio:

Umoja – União
Kujichagulia – Autodeterminação
Ujima – Trabalho coletivo e responsabilidade
Ujamaa – Economia cooperativa
Nia – Propósito
Kuumba – Criatividade
Imani – Fé

A kinara, candelabro de sete velas, é o elemento mais importante na produção da festa. São sete velas nas cores verde, preta e vermelha. Todas simbolizando a memória da luta pan-africanista. Durante os sete dias, uma vela é acesa para discutir um princípio. No último dia do Kwanzaa as crianças recebem presentes, como livros ou algo que seja confeccionado à mão.
 
Foto retirada do site ThoughtCo.

Kwanzaa no Brasil
No Brasil, não é tão comum a celebração do Kwanzaa, mas o movimento tem conseguido atrair mais participantes. Em Salvador (BA), por exemplo, existem organizadores da festa. Makini Olouchi é uma delas. Para ela “celebrar a Kwanzaa no Brasil, significa viver nossa africanidade numa perspectiva panafricanista. É manter-se conectado com toda ancestralidade africana do mundo e manter aceso o espírito de celebração pelas boas colheitas que tem sido feitas, apesar das adversidades”.

Celebração do Kwanzaa em Salvador – Foto retirada do site Correio Nagô

Existe um documentário chamado “The Black Candle” que fala sobre a celebração do Kwanzaa. Assista ao trailer abaixo.


Kwanzaa na tv
Lembra da comédia “Todo mundo odeia o Chris”? Ela marcou adolescência de muita gente. A série conta as desventuras de um adolescente negro no bairro do Brooklyn (EUA) e em um de seus episódios natalinos eles retratam o Kwanzaa. Lembra desse episódio?


Referências

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