Há algum tempo, falamos de Luiz Gama em nosso blog. Ele foi
poeta, advogado e um dos grandes nomes do abolicionismo, considerado patrono da
abolição no Brasil. Esse mesmo homem tem ligação com Luísa Mahin, uma das
líderes da maior revolta escrava do Brasil: a Revolta dos Malês. A propósito,
também já falamos sobre aqui no blog.
Luísa Mahin era “uma
negra, africana livre, da Costa da Mina”, assim como afirma seu filho Luiz
Gama em uma carta que escreveu para o amigo Lucio Mendonça em 1880. Luísa era
da nação nagô-jeje que ficava no Golfo de Benin. Ela pertencia à nação Mahin,
daí a explicação para o seu sobrenome. Outros afirmam que seja natural da Bahia
e que teria nascido livre por volta de 1812. Alguns contestam sua existência
pelo fato de não haver registros que comprovem isso, a não ser a descrição
feita por Luiz Gama em sua carta.
“Sou filho natural
de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que
sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra,
bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como
a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa.” – Luiz Gama
Participação na Revolta
dos Malês
Luísa Mahin era quituteira e foi através do seu tabuleiro
que ela participou das várias revoltas que ocorreram nas primeiras décadas do século
XIX. Era utilizando o seu ponto que conseguia distribuir mensagens para
articular com outros escravizados e revolucionários as revoltas, entre as
principais a dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-38).
A Revolta dos Malês envolveu cerca de 600 homens e estava
marcada para acontecer no dia 25 de janeiro de 1835, mas acabou sendo delatada.
Os rebeldes entraram em combate com a polícia e o movimento foi derrotado.
Assim como outras lideranças do movimento, Luísa foi obrigada a fugir e o seu
destino teria sido o Rio de Janeiro. Nessa época, Luiz Gama tinha cerca de 8
anos e ficou aos cuidados do pai, um fidalgo de origem portuguesa. Aos 10 anos,
o menino foi vendido por ele como pagamento de uma dívida.
A história conta que Luísa Mahin sempre se recusou ao
batismo e doutrinação cristã, pois era pagã e preferia cultivar suas tradições
africanas. Essa guerreira africana teve um importante papel na Revolta dos
Malês, era inteligente e rebelde. Sua casa teria se tornado o quartel general
para que ocorressem as principais revoltas dos movimentos negros da época em
Salvador.
Depois que Mahin conseguiu escapar para o Rio de Janeiro e
por lá participado de outros movimentos revoltosos, teria sido presa e
deportada para a África como forma de punição pelos seus atos. Outros autores
sugerem que ela tenha escapado para o Maranhão e desenvolvido, através da sua
influência, o tambor de crioula, dança de origem africana.
Os registros biográficos de Luiz Gama indicam que sua mãe
teria tido outro filho, que ele tentou encontrar e não obteve sucesso.
A falta de registros em papel sobre mulheres como Luísa
Mahin, Dandara dos Palmares e tantos outros líderes que fizeram parte da luta
contra a opressão branca na era Brasil Colônia acabam gerando questionamentos e
preconceitos historiográficos. Assim sugere Joseph Ki-Zerbo em “História Geral
da África I”, um dos mais respeitados historiadores africanos. Figuras
históricas como essas contribuem para o fortalecimento da história dos povos negros
que aqui foram escravizados.
Curiosidades
No último dia 6 de dezembro foi realizada a oficialização do Instituto Luíza Mahin na Assembleia Legislativa em São Paulo. A missão do instituto é promover e assegurar equidade de direitos políticos, educacionais, sociais e econômicos para alavancar a Luta Antirracista, garantindo Saúde e Bem Estar para o povo negro.
Referências
Mercado Popular
A cor da cultura
Geledés 1
Geledés 2
The Intercept
Mercado Popular
A cor da cultura
Geledés 1
Geledés 2
The Intercept
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