O fim de ano chegou. Para
muita gente, as festividades natalinas são bastante esperadas, pois trata-se de
um mês que traduz fraternidade, companheirismo e tempo de renovação. É momento de
reunir a família e celebrar o encerramento de mais um ciclo. Há também os que
fazem promessas para o ano seguinte em busca de novos objetivos ou até mesmo
conquistar o crescimento pessoal para lidar com as adversidades que enfrentam
ao longo do ano.
No meio dessas
festividades culturais, há também as suas tradições: a ceia de Natal, a troca
de presentes e o Papai Noel, sendo esse último é o xodó das crianças. Um
velhinho barbudo, rechonchudo e bastante simpático que traz presentes para as
que se comportaram durante o ano.
Ultimamente, a figura do
Papai Noel tem trazido uma polêmica: afinal, qual a sua cor? Por estarmos
vivendo tempos de questionamentos e dando a devida importância para coisas que
nos representam, a ideia de um Papai Noel negro tem gerado diversas opiniões, sejam
elas positivas ou negativas.
Muitas pessoas não veem
problema no Papai Noel negro, afinal ele traz o debate da representatividade e
nos mostra o quão é importante que crianças negras possam se ver em figuras que
elas admiram. Um exemplo disso está no relato do metalúrgico aposentado Rubens
Campolino, de 70 anos, para o G1. Ele
revela a reação das crianças quando foi Papai Noel em um shopping de São José
dos Campos (SP): "eu sou o Papai Noel para todo mundo. As reações das
crianças variam, tem crianças negras que acabam comentando que pareço um
parente, o pai, o avô e já se sentem em casa".
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Rubens Campolino - Foto: Carlinhos Brasil/ TV Vanguarda |
A pedagoga Adriana Simões,
mãe de Diego, um garoto negro de seis anos que é adotado, fala da reação do menino ao
ver o velhinho da sua cor: "Ele é especial, tem cromossomopatia e a
comunicação dele é toda por meio de gestos. Ele ficou eufórico, apontava para o
Papai Noel e apontava para o braço dele, mostrando a cor da pele. Todo mundo
diz que a foto dele encarando o Papai Noel dispensa legendas".
Adriana tem outra filha
adotada, Ana Caroline, uma menina branca de sete anos de idade. "Acho que
é muito importante para ele que boas figuras também existam negras pela
representatividade. Ela ficou super feliz em saber que existe um Papai Noel da
cor do irmão", pontua a pedagoga.
Esse tipo de
representatividade não mexe apenas com as crianças. Érica Vitória, de 16 anos,
nunca tinha visto um Papai Noel da sua cor. “O Papai Noel é negro, gente. Eu
nunca tinha visto um Papai Noel da minha cor. Fiquei tão emocionada que parei
para fazer uma foto. Eu tinha que fazer”, contou ao site Correio 24 horas.
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Erica Vitória (Foto: Betto Jr/ CORREIO) |
O que significa nada para
uns pode significar muito para outros. Inclusive, esse papel tem gerado
comentários racistas para os que acham que não é possível a presença um Papai
Noel negro no Natal. Afinal, fomos induzidos a enxergar apenas um padrão. Se o
mesmo Papai Noel fosse negro e decidissem representá-lo com a figura de um
homem branco será que causaria tamanha polêmica?
Estamos acostumados a ver
o branco como uma figura de heroísmo, beleza e carisma. A diversidade ainda é
vista como um paradigma difícil de quebrar. Tornar “natural” para as pessoas o
que foi ensinado a ver como ruim exige esforço. Vivemos tempos de
ressignificação e poder nos identificar com a cultura que estamos celebrando
nos traz a ideia de que fazemos parte de um todo.
Referências
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