quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Por mais culturas em que possamos celebrar a diversidade


O fim de ano chegou. Para muita gente, as festividades natalinas são bastante esperadas, pois trata-se de um mês que traduz fraternidade, companheirismo e tempo de renovação. É momento de reunir a família e celebrar o encerramento de mais um ciclo. Há também os que fazem promessas para o ano seguinte em busca de novos objetivos ou até mesmo conquistar o crescimento pessoal para lidar com as adversidades que enfrentam ao longo do ano.

No meio dessas festividades culturais, há também as suas tradições: a ceia de Natal, a troca de presentes e o Papai Noel, sendo esse último é o xodó das crianças. Um velhinho barbudo, rechonchudo e bastante simpático que traz presentes para as que se comportaram durante o ano.

Ultimamente, a figura do Papai Noel tem trazido uma polêmica: afinal, qual a sua cor? Por estarmos vivendo tempos de questionamentos e dando a devida importância para coisas que nos representam, a ideia de um Papai Noel negro tem gerado diversas opiniões, sejam elas positivas ou negativas.

Muitas pessoas não veem problema no Papai Noel negro, afinal ele traz o debate da representatividade e nos mostra o quão é importante que crianças negras possam se ver em figuras que elas admiram. Um exemplo disso está no relato do metalúrgico aposentado Rubens Campolino, de 70 anos, para o G1. Ele revela a reação das crianças quando foi Papai Noel em um shopping de São José dos Campos (SP): "eu sou o Papai Noel para todo mundo. As reações das crianças variam, tem crianças negras que acabam comentando que pareço um parente, o pai, o avô e já se sentem em casa".


Rubens Campolino - Foto: Carlinhos Brasil/ TV Vanguarda


A pedagoga Adriana Simões, mãe de Diego, um garoto negro de seis anos que é adotado, fala da reação do menino ao ver o velhinho da sua cor: "Ele é especial, tem cromossomopatia e a comunicação dele é toda por meio de gestos. Ele ficou eufórico, apontava para o Papai Noel e apontava para o braço dele, mostrando a cor da pele. Todo mundo diz que a foto dele encarando o Papai Noel dispensa legendas".

Adriana tem outra filha adotada, Ana Caroline, uma menina branca de sete anos de idade. "Acho que é muito importante para ele que boas figuras também existam negras pela representatividade. Ela ficou super feliz em saber que existe um Papai Noel da cor do irmão", pontua a pedagoga.

Esse tipo de representatividade não mexe apenas com as crianças. Érica Vitória, de 16 anos, nunca tinha visto um Papai Noel da sua cor. “O Papai Noel é negro, gente. Eu nunca tinha visto um Papai Noel da minha cor. Fiquei tão emocionada que parei para fazer uma foto. Eu tinha que fazer”, contou ao site Correio 24 horas.

Erica Vitória (Foto: Betto Jr/ CORREIO)


O que significa nada para uns pode significar muito para outros. Inclusive, esse papel tem gerado comentários racistas para os que acham que não é possível a presença um Papai Noel negro no Natal. Afinal, fomos induzidos a enxergar apenas um padrão. Se o mesmo Papai Noel fosse negro e decidissem representá-lo com a figura de um homem branco será que causaria tamanha polêmica?

Estamos acostumados a ver o branco como uma figura de heroísmo, beleza e carisma. A diversidade ainda é vista como um paradigma difícil de quebrar. Tornar “natural” para as pessoas o que foi ensinado a ver como ruim exige esforço. Vivemos tempos de ressignificação e poder nos identificar com a cultura que estamos celebrando nos traz a ideia de que fazemos parte de um todo.

Referências

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