Devido à vinda dos
escravos africanos para o Brasil, algumas tradições de fim de ano permanecem conosco até hoje. Inclusive, tem gente que participa de alguns rituais sem ao
menos saber de suas origens.
Vestir-se de branco, pular
sete ondas, tomar banho de cheiro para boas vibrações, fazer oferendas para
Iemanjá e defumar são tradições ligadas às religiões de matriz africana, como o
candomblé e umbanda.
Quando você se veste de
branco, você está se referindo à paz e purificação espiritual. Essa tradição é
de origem africana e foi bastante disseminada em cidades praianas e
influenciada em locais urbanos pelas emissoras de televisão, principalmente nos
anos 70/80.
Se você pula as sete
ondas, deveria saber que essa tradição também é africana. Ainda que não
tenhamos certeza, há uma versão que fala que o pulo é uma veneração à Iemanjá.
Já a outra versão, informa que cada pulo representa uma saudação a um orixá
para pedir força para o próximo ano. Na umbanda, o número sete tem relação com
Exú, filho de Iemanjá, e com as Sete Linhas da religião. O conceito vem da
organização dos espíritos que estariam sob o comando de um orixá.
![]() |
Foto retirada do site Blog da Farroupilha |
E por falar em Iemanjá,
presenteá-la na virada do ano traz sorte. É comum que as pessoas ofereçam
flores, joias, velas, espumantes e diversas outras coisas à Rainha do Mar. Esse
ritual foi trazido da Nigéria pelo povo iorubá. Lá, ele acontece no dia 2 de
fevereiro, assim como na Bahia.
O ritual de defumação faz
parte de várias religiões, seja nos ritos católicos, de candomblé, umbanda ou
indígena. É comum que muitas pessoas defumem a casa para purificar o ambiente
das más energias.
Em Salvador (BA), por
exemplo, as pessoas costumam ir à Igreja do Bonfim na última sexta-feira do ano
para pedir proteção. Essa tradição é chamada de “Sexta-feira da Gratidão” e é
de costume que as pessoas levem chaves de casa, colares, fotos ou até carros
para que benzer. Além disso, não podem faltar as famosas fitinhas do Bonfim.
![]() |
Fitas do Bonfim – Foto retirada do site BBC |
Muitas igrejas consideram
o sincretismo como pecado e condenam as demais religiões, mas é possível notar que
ainda assim continuam a praticar esses ritos para tirar encostos e mau olhado.
Em entrevista ao Nexo, a psicóloga, professora e pesquisadora Jaqueline Gomes
de Jesus diz que “até o começo do século 20, a prática do candomblé era
proibida, era considerada crime, assim como a da capoeira e de outras
atividades oriundas da cultura negra. O preconceito com as religiões de matriz
africana é presente. E é interessante ver como a cultura brasileira se apropria
dos elementos trazidos por elas, mas não os reconhece, os transforma e
deturpa”.
E você, como pretende
passar a virada do ano? Independente do seu ritual, desejamos que todos tenham
muita luz em seu caminho e um ano bastante próspero. Inclusive, tem look pra
passar a virada naquele estilo Negroblue. Se liga!
Nenhum comentário:
Postar um comentário