sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Tradições africanas que perpetuam na cultura brasileira


Devido à vinda dos escravos africanos para o Brasil, algumas tradições de fim de ano permanecem conosco até hoje. Inclusive, tem gente que participa de alguns rituais sem ao menos saber de suas origens.

Vestir-se de branco, pular sete ondas, tomar banho de cheiro para boas vibrações, fazer oferendas para Iemanjá e defumar são tradições ligadas às religiões de matriz africana, como o candomblé e umbanda.

Quando você se veste de branco, você está se referindo à paz e purificação espiritual. Essa tradição é de origem africana e foi bastante disseminada em cidades praianas e influenciada em locais urbanos pelas emissoras de televisão, principalmente nos anos 70/80.

Se você pula as sete ondas, deveria saber que essa tradição também é africana. Ainda que não tenhamos certeza, há uma versão que fala que o pulo é uma veneração à Iemanjá. Já a outra versão, informa que cada pulo representa uma saudação a um orixá para pedir força para o próximo ano. Na umbanda, o número sete tem relação com Exú, filho de Iemanjá, e com as Sete Linhas da religião. O conceito vem da organização dos espíritos que estariam sob o comando de um orixá.

Foto retirada do site Blog da Farroupilha


E por falar em Iemanjá, presenteá-la na virada do ano traz sorte. É comum que as pessoas ofereçam flores, joias, velas, espumantes e diversas outras coisas à Rainha do Mar. Esse ritual foi trazido da Nigéria pelo povo iorubá. Lá, ele acontece no dia 2 de fevereiro, assim como na Bahia.

O ritual de defumação faz parte de várias religiões, seja nos ritos católicos, de candomblé, umbanda ou indígena. É comum que muitas pessoas defumem a casa para purificar o ambiente das más energias.

Em Salvador (BA), por exemplo, as pessoas costumam ir à Igreja do Bonfim na última sexta-feira do ano para pedir proteção. Essa tradição é chamada de “Sexta-feira da Gratidão” e é de costume que as pessoas levem chaves de casa, colares, fotos ou até carros para que benzer. Além disso, não podem faltar as famosas fitinhas do Bonfim.

Fitas do Bonfim – Foto retirada do site BBC


Muitas igrejas consideram o sincretismo como pecado e condenam as demais religiões, mas é possível notar que ainda assim continuam a praticar esses ritos para tirar encostos e mau olhado. Em entrevista ao Nexo, a psicóloga, professora e pesquisadora Jaqueline Gomes de Jesus diz que “até o começo do século 20, a prática do candomblé era proibida, era considerada crime, assim como a da capoeira e de outras atividades oriundas da cultura negra. O preconceito com as religiões de matriz africana é presente. E é interessante ver como a cultura brasileira se apropria dos elementos trazidos por elas, mas não os reconhece, os transforma e deturpa”.

E você, como pretende passar a virada do ano? Independente do seu ritual, desejamos que todos tenham muita luz em seu caminho e um ano bastante próspero. Inclusive, tem look pra passar a virada naquele estilo Negroblue. Se liga!








Referências

Nexo
Roma News
BBC

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