quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Bob Marley, o reggae e seu legado para o mundo

Há 75 anos, no dia 6 de fevereiro de 1945, nascia o jamaicano responsável por introduzir o reggae e o movimento religioso Rastafári mundialmente. Bob Marley foi um mensageiro do orgulho negro que inspira milhares de pessoas até hoje com suas composições sobre positividade, problemas sociais, política e engrandecimento da raça negra. Marley apresentou a Jamaica e toda a sua rica cultura para o mundo e ensinou o quanto o amor e respeito ao próximo são essenciais para se viver em sociedade.

Bob Marley vem de uma cidade do interior da Jamaica chamada Sant Ann. O cantor era filho de uma mulher negra com pai branco, um capitão britânico que foi para Kingston, capital do país, a serviço do governo britânico. Sua mãe, Cedella Booker, tinha apenas 16 anos quando se casou com o seu pai de 60 anos, Norval Marley. Obviamente, a família paterna de Marley não aprovava o casamento com uma mulher negra. 

Por ser fruto de um casamento interracial, ele sofreu discriminação racial por não ser bem visto pelos negros da época, além de exclusão social por ser pobre. Inclusive, era apelidado de “garoto vermelho”. Como um garoto do interior, suas atividades rurais envolviam cultivar a horta, ordenhar o rebanho e quando tinha folgas se juntava aos seus parentes maternos mais velhos para aprender sobre música. Após a morte de seu pai, Marley e sua mãe vão morar em uma comunidade de Kingston chamada Trenchtown. A partir dos 12 anos começou a introduzir o reggae em sua vida.


A música e o movimento Rastafári 

A música surgiu como uma possibilidade de viver uma vida melhor através do que amava fazer. Marley fez aulas de música enquanto ainda estudava, mas depois percebeu que precisava dedicar-se mais ao que queria se tornar e largou os estudos. Em 1962, aos 16 anos, gravou a sua primeira música “Judge not”, o que ajudou a formar os The Wailers, compostos por ele, Bunny Wailer e Peter Tosh. 

The Wailers – Foto: reprodução da internet
Em 1964, os The Wailers ficam conhecidos em toda a Jamaica e em primeiro lugar nas paradas com a música “Simmer Down”. Por ser um país pobre, o grupo teve dificuldades em seguir carreira. Sendo assim, Marley mudou-se para os Estados Unidos com a sua mãe para tentar uma nova vida. Lá, ele acreditava que seria possível viver do seu maior sonho: a música. Casou-se com Rita Anderson e 8 meses depois acabou voltando para a Jamaica por não ter obtido sucesso como havia planejado.

Quando saiu do país, o jovem Marley já fazia parte da religião Rastafári, movimento que surgiu na Jamaica durante os anos de 1920, através de escravos e descendentes de negros. O objetivo do movimento era a união da raça negra e uma vida simples. Ser Rastafári tornou-se Bob Marley adepto de uma alimentação feita de frutos e vegetais e coisas que pudessem ser oferecidas pela natureza, não ingeria carnes nem álcool. Sua imagem ficou marcada pelos dreadlocks.

Ao voltar dos Estados Unidos, em 1966, o cantor tenta reorganizar os Wailers, passando por diversas gravadores e produzindo muitas músicas. Neste período, ele percebe que o movimento Rastafári tem ganhado mais força na cena jamaicana. A partir daí a religião faz cada vez mais parte da sua ideologia e o faz cair de cabeça em composições abordando questões sociais e espirituais.

A sua relação com a maconha era forte por causa da sua religião. A erva era utilizada para a prática de meditação e era considerada um santo Sacramento, além de servir como auxílio para alcançar um entendimento mais elevado da natureza e universo. Para ele, a maconha também o ajudava a no seu talento artístico.


Da Jamaica para o mundo

Em 1973, o álbum “Catch a Fire” foi lançado e os Wailers ganham projeção internacional, levando os músicos a turnês na Europa e Estados Unidos. Grandes artistas, como Paul McCartney, Mick Jagger e Eric Clapton regravaram sucessos seus sucessos, o que fortaleceu ainda mais o seu trabalho. No total, foram 14 álbuns gravados em estúdio e 4 álbuns ao vivo, além dos singles e gravações inéditas após sua morte. Um dos seus álbuns mais engajados político e socialmente foi o “Survival”, que abordava diversas questões sobre fome, guerras e empobrecimento da raça negra dos povos africanos. “Zimbabwe”, por exemplo, é uma das músicas do álbum que surge como um hino de libertação.

Bob Marley – Foto: reprodução da internet

Bob Marley sofreu um atentado em 1976, época em que a Jamaica passava por um momento político instável. O músico foi convidado pelo primeiro ministro, Michael Manley, para participar do evento gratuito “Smile Jamaica”. Grupos políticos contrários não curtiram muito a ideia e no dia do show Bob teve sua casa invadida. Vários disparos foram feitos contra ele, sua esposa e banda. Marley teve seu peito e braço atingidos, mas nem ele nem ninguém ficou gravemente ferido. Mesmo com um clima de tensão, eles se apresentaram e foram ovacionados por mais de 80 mil pessoas.


A paixão pelo futebol

Muita gente sabia que Bob era apaixonado por futebol. Há boatos de que um pré-requisito para aceitar uma turnê era que tivesse uma bola e um campo de futebol por perto. Inclusive, há um registro do artista com o cantor Chico Buarque enquanto estava de passagem pelo Brasil.

Bob Marley – Foto: reprodução da internet

Por ser algo tão presente na vida de Bob Marley, o futebol não só era a sua paixão como fez parte da sua morte. O seu falecimento se deu após um machucado no pé por conta de uma partida de futebol. O ferimento que tinha dificuldades para sarar tornou-se um câncer, atingindo seus pulmões, estômago e cérebro. Em 1977, com o diagnóstico dado durante uma turnê na América do Norte, após ter passado mal em uma apresentação, foi sugerido que Bob amputasse o dedo que estava machucado, no entanto a sua religião não permitia que o corpo pudesse ser modificado, pois o corpo é como um templo e deve se manter preservado. 

Mesmo após 8 meses fazendo um tratamento naturalista com um médico Alemão, Marley não conseguiu progressos significativos. Em 1981, ele decide voltar para a sua cidade natal já que nada mais poderia ser feito para melhorar seu estado de saúde, mas não resiste e vem a falecer no dia 11 de maio, em Miami, nos Estados Unidos.

Bob Marley ganhou o mundo e admiração de milhares de pessoas. Ele marca sua carreira pelo carisma, por espalhar mensagens de amor e positividade, resistência e críticas políticas e sociais. Colocou a Jamaica e toda a sua cultura em evidência. Ganhou o prêmio de banda do ano de 1976, teve “One love” considerada a música do milênio pela BBC, seu álbum Exodus foi considerado o álbum do século, ganhou um Grammy pós-morte por suas obras e contribuição para o mundo da arte, ordem ao mérito jamaicano, hall da fama do rock e diversas outras honrarias.


Referências

Nenhum comentário:

Postar um comentário