Hoje, iremos
contar a história de mais um abolicionista brasileiro. José Carlos do
Patrocínio foi um dos fundadores da Confederação Abolicionista, ao lado de André
Rebouças, Joaquim Nabuco, entre outros. Na época, chegou a
comprar o jornal Gazeta da Tarde, onde começou a sua batalha pelo
abolicionismo. Por ser abertamente contra a Floriano Peixoto, o Marechal do
Ferro, isso lhe rendeu um exílio em Cacuí, no Amazonas. Para quem não sabe, José
do Patrocínio também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Nascido em 9
de outubro de 1853, em Campos, Rio de Janeiro, Patrocínio era filho do padre
José Carlos Monteiro e de Justina Maria do Espírito Santo, uma dos 92 escravos
cativos do padre José Carlos. Devido a sua origem social, Patrocínio teve que
enfrentar algumas dificuldades. Seu pai não o reconhecia, no entanto o levou
para a sua fazenda. Lá, ele pode conhecer a face da escravidão e toda crueldade
com os escravos.
Ao completar
14 anos, pediu autorização ao seu pai e foi morar na cidade do Rio de Janeiro.
O jovem trabalhou como servente de pedreiro para poder pagar os próprios
estudos. Com 18 anos de idade, escreveu um poema para o jornal A República, dando seus primeiros passos
na luta contra a monarquia. Ainda que tenha se formado em Farmácia aos 21 anos,
nunca exerceu tal atividade. Sua paixão era mesmo o jornalismo. Em 1875, José
do Patrocínio começou a escrever no jornal satírico chamado Os Ferrões.
Depois de
formado, deixou de dividir moradia com os colegas e passou a morar na casa da
mãe de um colega, em São Cristóvão. Ela era casada com o capitão Emiliano Rosa
Sena, que o aceitou como hóspede em troca de oferecer aulas particulares para
seus filhos. Foi assim que Patrocínio conheceu e se apaixonou por sua esposa.
Em 1881, José do Patrocínio de Bibi se casaram.
O
abolicionista participava do Clube Republicano. Tal grupo se reunia para
discutir a queda da monarquia. Ainda em 1881, comprou o jornal Gazeta da Tarde com um dinheiro
emprestado pelo seu sogro. A partir daí, José iniciava a sua luta pelo fim da
escravidão. Ao lado de André Rebouças, Joaquim Nabuco, Aristides Lobo e outros
abolicionistas, Patrocínio fundou a Confederação Abolicionista e também redigiu
o manifesto. Patrocínio promovia debates sobre o fim da escravidão através da
Confederação. Ele também apoiava a fuga de escravos e ajudou a manter o
Quilombo do Leblon.
Orador, poeta e romancista, José do Patrocínio
foi considerado o maior jornalista em prol do fim da escravidão. Durante 1886 e 1887, foi eleito vereador da
Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Por ser abertamente contra Floriano
Peixoto, José teve o seu jornal fechado e foi deportado para o Amazonas. Ao
voltar para o Rio de Janeiro, foi apoiador da Revolta Armada contra Floriano
Peixoto, que logo depois se tornou presidente. Já no mandato do terceiro
presidente do Brasil, Prudente de Morais, Patrocínio voltou a abrir o seu
jornal, mas não se opôs mais à situação política do país.
A sua paixão pela escrita o levou a ser um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras. Sua cadeira era a de número 21,
que tem como patrono Joaquim Serra. Ele escreveu três romances: Mota Coqueiro (1887), que era contra a
pena de morte; Os retirantes (1879),
onde retratava a seca do Nordeste após ter ido a uma viagem de trabalho no
Ceará; e Pedro espanhol (1884), um
romance.
José do Patrocínio teve um filho com Maria
Henriqueta Sena, a Bibi, sua companheira de toda a vida. José Carlos do
Patrocínio Filho, mais conhecido como Zeca, também era jornalista e foi o
primeiro brasileiro a fazer um script cinema no Brasil.
Patrocínio trouxe para o Rio de Janeiro um dos
primeiros automóveis a gasolina após uma estada em Paris. Ele se interessava
bastante pelas tecnologias do seu tempo. Inclusive, inventou um tipo de balão
dirigível chamado Santa Cruz, mas que foi destruído devido uma tempestade no
galpão em que ficava guardado. Durante uma homenagem a Santos Dumont, no Teatro
Lírico, Patrocínio foi acometido por uma hemoptise.
O abolicionista estava tuberculoso e veio a
falecer no dia 30 de janeiro de 1905, aos 51 anos de idade. Figuras como o
Barão de Rio Branco, Machado de Assis, Joaquim Nabuco, entre outros, estavam em
seu funeral.
Referências
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